Que quando você piscar, tudo se refaça e saia do lugar... e ainda assim, tudo estará debaixo do mesmo luar.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Bem-vinda, loucura nova
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Assopro
O calor sopra...
E com ele o cheiro bronzeado. Era deslumbrante o seu caminhar rumo ao pôr-do-sol. Seu afago era aconchegante como a mais fina areia daquela praia. Queria que me considerasse o brilho que seus olhos jamais tiveram, mais reluzente que o do sol.
As folhas sopram...
E com elas a brisa que nos acalentava. Tinha o domínio completo das minhas emoções, salpicava-me de conselhos e brincava de contente como o vento que adorava desarrumar o organizado. Queria que ele me compusesse como a melodia que faltava pra sua música.
O frio sopra...
E com ele a sensação do meu coração em estátua. Resolveu olhar ao lado e notar alguém mais gélida que lhe atraia. Levou consigo o calor do amor, ao passo em que desejava ainda que me notasse como materialização da sua poesia.
As flores sopram...
E com elas a certeza de algo novo. O desabrochar das pétalas me causaram a impressão de renascer junto delas e exalar um perfume insistente e agradável. Nada era pra sempre, apenas a verdade do início repetido. Mesmo assim queria que me guardasse no pólen nostálgico do seu coração.
Um dia descobri que é preciso dar um sentido humano ao objetivo da vida. E que quando isso não der certo, acabou de abrir uma nova oportunidade de recomeçar.
A vida sopra...
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Me deixo
Me deixo com a leveza de uma brisa que não diz a ninguém aonde vai, mas tem traçado o seu caminho a um lugar incerto; com a minha solidão. Que ela me faça companhia só enquanto eu precisar. E que ela exista só por uma fraçao de piscar. Me deixo com a coragem de me enfrentar, com o tempo que me resta para transformá-lo em vida, com as minhas quatro estações que, juntas, me compoem a esmo. Me deixo sem precisões, sem definições. Que o céu me transcenda até além do local aonde eu pise e sinta que ainda tem chão e que seu encanto me empurre e que eu vá alto, e que eu cresça. Me deixo com a firmeza do vôo: que saia de mim aquilo de você enquanto eu estiver pelas nuvens. Quero brincar com seu sorriso, mas não quero ele em mim. Quero enxergar o que me resta, mas não com os seus olhos. E que você me faça feliz mesmo de longe. Vou aplaudi-lo enquanto estiver sendo a estrela de seu próprio palco. Nessa hora vou estar me deixando por aí e me livrando dessa agonia em não te ter por perto. Melhor assim. Como os grãos de areia que não se dissolvem no mar, mas precisam dele para a sua beleza, quero morar em você mas me refazer no amor. Me deixo sem deixar de você. Me deixo com os pensamentos alheio. Me deixo por sua conta: já sabe como me deixar vulnerável mesmo. Me deixe com saudades, me deixe de verdade. Me deixo com a certeza de que nunca vou te deixar. Me deixo com um paradoxo anormal da minha inconstância.E vou me deixando ao caminhar sem lhe ter ao lado. E te deixo sem me queixar.
E me deixo sem saber amar.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Ilegal
Guie meus versos, dê rumo às poesias.
Chegue a hora que quiser, vai ser tratado bem, mesmo que te considerem vil.
Nasça, brote.
Sempre terá espaço para uma raíz sua mesmo que escondidinha. Crescerá, será forte e dotado de magnitude. Brincarão com você e não te largarão nunca.
Não peça licença, por favor.
Um dia irão te culpar por toda a dor que estarão sofrendo, mas saiba que você não é o causador disso. E sim o remédio.
Sei que é educado, chega de mansinho.
E quando se percebe, já nos inundou até o nível em que não se dá pé. Só que é sábio: nos ensina a nadar.
Rompa barreiras, vá, quebre paradigmas.
Tem o poder de entrelaçar sentimentos, aproximar pessoas, fazer dois virarem um só. Preenche a concha vazia da solidão, anestesia dores.
Sim, manipule quem quiser.
Provoque sedes, simule beijos, hidrate a alma. Nada do que fará será supérfluo.Faça alguns corações pararem de bater por alguns segundos ou os faça pulsar descontroladamente. Faça os cheiros dos amados serem percebidos a quilômetros.
Se faça acontecer... Morra de amor, Amor.
sábado, 21 de novembro de 2009
Fixação
Que meu suspiro te convença
Que ser incerto não compensa
E que a distância carrega dor
Apesar do amor que acompanha o vento
E que se renova a todo o momento
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Sábia loucura
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Entre grãos e gotas
sábado, 7 de novembro de 2009
É seu.
sábado, 31 de outubro de 2009
Sem importância
Cada piscar seu refletirá em um sorriso meu.
Quero fazer da sombra do seu olhar meu refúgio até conseguir me desvincilhar do seu abraço que tem o poder de afastar tormentas.
Colocarei empilhadas as saudades que sinto para poder subir até aonde você se esconde de mim. Insisto em te arrancar afagos, mas seus suspiros é que me impulsionam a encaixar os pedacinhos de vida à perfeição de flor.
Nada importa: o vento passa e me conduz para perto de ti e você acha banal.
Ache!
Nada me faz mais feliz do que compartilhar banalidades contigo: transformarei em amor.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
"...sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão."
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Costume
terça-feira, 20 de outubro de 2009
A vida ensaiada
Era sereno e secreto. Exalava um perfume amadeirado, um andar desajeitado e um coração quebrantado. O mistério mais profundo de alguém é aquele o qual não conseguimos desvendar por mais profundo que seja o nosso olhar ao seu interior. Era dono de uma face neutra, sem expressões extremas, mas possuía um baú de sentimentos completamente dotados de uma vontade plena de saltar aqueles impedimentos e ser apresentados em público.Ainda assim, seus pulsares ao adentrar aquele ambiente com a acústica perfeita e com um piso que ecoava o som das solas de suas botas surradas pelo tempo, eram audíveis em uma melodia uníssona. Foi ali o lugar do seu primeiro sorriso completo. Aquela cortina vermelha era o único obstáculo entre ele e as pessoas que gostaria de retirar. Os degrais, sua única forma de sentir-se alto e visível. Já o palco, ah o palco! O palco era seu habitat natural, a fonte da sua vitalidade e o único lugar onde poderia ter qualquer personalidade, vestir-se de qualquer caráter, assumir qualquer postura e errar, acertar, sorrir ou chorar sem sofrer de verdade. Era ali em que vivia a vida que mesmo traçava, tomava as próprias decisões e escolhia as consequências para cada escolha feita. O público era seu melhor amigo. Por mais desconhecido ou não, era o único que lhe assistia por estar interessado na sua atuação de forma verdadeira e que lhe julgava só após de ter conhecido o desfecho, não pelo início.
Foi assim que decidiu que nada o arrancaria dali e que nos próximos minutos, sentaria à beira do tablado, olharia ao horizonte finito das poltronas e criaria sua vida. Deixaria que suas pálpebras fizessem o plano de fundo de sua peça. Imaginaria um musical no qual seus atores são todos os protagonistas de sua vida e cada cena teria um final feliz. A trilha sonora seria de um compositor desconhecido e o figurino não importava. Teria um maestro invisível com uma batuta regendo uma orquestra estrondosa que geraria um ultrassom fascinante, por mais inaudível que fosse. O que valia era agradar a platéia, composta de inúmeros eles. Por fim, o maestro lhe entregaria um relógio, dizendo que as horas haviam parado e que o tempo seria contado pelas batidas do seu coração de forma inversa. Quando acelerasse de emoção, tudo seguiria mais devagar para ser melhor aproveitado. E esse seria o desfecho, uma multidão inexistente aplaudindo-o de pé por um tempo infindável.
domingo, 18 de outubro de 2009
Saudade: Substantivo composto
sábado, 17 de outubro de 2009
Somewhere over the rainbow
E se recebesse uma carta assim?
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
"Pela luz dos olhos teus"
"A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz". Mt. 6:22
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Além
Na verdade era tudo o que ela precisava. A noite chegara e com ela, as memórias de um dia tomado pelo caos. Mas eis que a chuva caía, caía na mesma proporção do turbilhão de pensamentos que atingiam sua mente. O desejo mais profundo naquele momento era que a chuva ao cair na calçada levasse consigo todo aquele mar de ilusões que lhe agoniava. Ela anseava que cada gota que beijava sua janela lhe trouxesse um sopro de esperança. Mais do que isso, se deixasse se levar pelo barulho calmante lá de fora, ela certamente iria deixar o mundo de lado e correria à chuva, pedindo que ela lhe levasse para longe dali ou que encharcasse o seu lado que doía. Só que ela estava em uma prisão interior. Poucos conheciam seu sofrimento. Ela não detinha forças para se render à chuva, sentia um resquício de inveja dela. Tão linda, tão clara, tão livre. Além de tudo trazia consigo a paz que ela tanto precisava. Ela queria conhecer mais a chuva. Queria saber o segredo que a fazia tão amiga do Sol: aquele astro tão imponente que arranca sorrisos das pessoas a cada vez que ameaça aparecer, mas que ao mesmo tempo doa seu lugar de destaque quando a chuva deseja dar o ar da sua graça. Foi então que ela respirou fundo e sentiu aquele cheiro de terra molhada e olhando para o céu, viu que o sol estava querendo seu posto novamente. Sem deixar sua amada ir embora sem despedidas, ela levantou-se subitamente, tirou os sapatos e correu ao quintal. Agora ela e sua amiga estavam entrelaçadas e dançantes. Foi então que sentiu que aquele era o primeiro grande dia do resto da sua vida. Encharcou-se de ânimo. Quando a música acabara, chegou o astro-rei e fez o favor de levar para si a agonia evaporada. Mesmo lhe ajudando, acabou afastando sua nova amiga para longe, mas não havia conseguido levar de sua roupa o perfume inconfundível.