quinta-feira, 15 de outubro de 2009

E foi assim que aconteceu...






E de repente eu descobri o que era. Chegou sorrateiramente, fez uma visita inesperada. Invadiu o ambiente, tomou conta do meu piscar e sem sequer eu perceber, tinha adornado meus pulsares. De maneira mansa começou a bambear minhas pernas, controlar meus atos de maneira imponente e me lançar contra meus pensamentos. Chegou a ter acesso ao meu tempo e regular os minutos com argumentos vis e convincentes. Era pequeno, mas possuía um domínio de mim que extrapolava todas as minhas forças e quando eu queria ser crítica, me mandava se calar. Quando eu reuni, pacientemente, minhas convicções para afastá-lo, me tomou como uma marionete e decidiu por mim que a partir daquele instante, cresceria e tiraria sua vitalidade da minha espontaneidade. Sussurrou que daquele momento em diante, eu afastaria os obstáculos que o impediam de entrar no lugar mais importante de mim e que eu arrancaria os hóspedes que até então moravam ali. Eu não quis. Gritei a plenos pulmões que eu apreciava quem estava ali, que cultivava a anos um local aparentemente belo, caprichoso, com um ar requintado e que não me incomodava, muito menos me forçava a agir de forma involuntária. Um local que eu mantinha quem eu queria, como queria e asseava do meu jeito. Só que simplesmente não quis me ouvir. Continuou a me manipular e impulsionar com cada vez mais força aquela porta trancada, querendo entrar, quereno entrar, querendo entrar naquele lugar quase que perfeito para sua moradia. Exausta, com um ar patético e infantil, dei-me por vencida. Ou quase. Resolvi lhe dar a chave da porta para que se hospedasse por lá até eu me refazer e conseguir expulsá-lo de vez. Concordou pacificamente. Ele entrou finalmente, como tanto queria. Só que, mesmo contra a vontade, está tendo que conviver com outros hóspedes meio incômodos a ele e por isso, mostrou a sua verdadeira personalidade. É dócil, gentil, é pequeno mas age como um gigante. Continua me manipulando. Só que mais intensamente. Continua dominando meu querer e regula tudo o que faço. Me faz agir inconscientemente na maioria das vezes, mas não é por isso que o quero distante. Hoje eu quero esse domínio que eu aprendi que também posso dominar. Hoje eu quero ter isso no meu lugar mais especial que me faz sorrir espontaneamente e sem motivos. Hoje eu quero meus pensamentos aliados aos dele. Hoje eu quero que os vizinhos dele decidam por si só se querem sair ou não, eles estão lá. E... eu gosto deles. Mas meu hospedeiro favorito não. Enquanto isso, a insegurança, o medo do incerto e o improvável estão aproveitando a residência. Até o Amor resolver trazer suas bagagens de vez e não lhes dar mais espaço.

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