quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ilegal

Seja indiscreto mesmo.
Guie meus versos, dê rumo às poesias.
Chegue a hora que quiser, vai ser tratado bem, mesmo que te considerem vil.
Nasça, brote.
Sempre terá espaço para uma raíz sua mesmo que escondidinha. Crescerá, será forte e dotado de magnitude. Brincarão com você e não te largarão nunca.
Não peça licença, por favor.
Um dia irão te culpar por toda a dor que estarão sofrendo, mas saiba que você não é o causador disso. E sim o remédio.
Sei que é educado, chega de mansinho.
E quando se percebe, já nos inundou até o nível em que não se dá pé. Só que é sábio: nos ensina a nadar.
Rompa barreiras, vá, quebre paradigmas.
Tem o poder de entrelaçar sentimentos, aproximar pessoas, fazer dois virarem um só. Preenche a concha vazia da solidão, anestesia dores.
Sim, manipule quem quiser.
Provoque sedes, simule beijos, hidrate a alma. Nada do que fará será supérfluo.Faça alguns corações pararem de bater por alguns segundos ou os faça pulsar descontroladamente. Faça os cheiros dos amados serem percebidos a quilômetros.
Se faça acontecer... Morra de amor, Amor.

sábado, 21 de novembro de 2009

Fixação

Quero
Que meu suspiro te convença
Que ser incerto não compensa
E que a distância carrega dor
Apesar do amor que acompanha o vento
E que se renova a todo o momento
Como a onda do oceano em vapor

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sábia loucura

Aprecio os sentimentos avassaladores. As idéias complexas. Os pensamentos insanos. Os significados mais fortes. Não tem graça viver deixando-se levar no embalo da correnteza vital, anseio por nadar contra ela e deixando passar por mim apenas os galhos que se colocam às margens do meu coração. Não sei medir meu trajeto, arquitetar um sonho. Meus planos sempre são levados pelo temporal de contratempos que chegam de repente. Minhas idéias sempre entram em metamorfose à medida com que absorvo o filtrado dos meus amores. Anseio por quebrar meu silencio interior. Agito quando percebo que a solidão quer me fazer companhia. Dou boas-vindas à coragem, entrelaço-me na ventania que me carrega. Recebo em meus braços o êxtase do sucesso. Tenho voracidade pela felicidade. Exclua-me de definições: nunca terei o mesmo encanto, mas o encanto sempre terá o mesmo brilho, por maior ou menor intensidade que demonstre ter. E quando eu estiver à beira do precipício? Me empurre. Eu adoro voar!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Entre grãos e gotas

Deixando seus cabelos serem penteados pela brisa, ela foi caminhando à beira-mar. Aquele silêncio era o barulho que ela mais anseava na ocasião. Era o típico momento em que precisava ser embalada no ritmo daquelas ondas que lhe serviam de companhia por todo o trajeto. Um dia ouvira falar que tudo o que é bom é intocável. Não se podia tocar na alegria ou acariciar a esperança, mas ali ela podia contemplar algo muito tocável nas margens de um infinito deslumbrante quase concreto. Também ouvira falar que o amor é impontual: chega sem aviso prévio e, de repente, causa uma metamorfose aconchegante. Mas desacreditou nisso quando percebeu a insistência do pôr-do-sol dentro de seus olhos, pontualmente na pupila. Um reflexo que incomodava de uma maneira especial. Aquele astro tinha a total imponência de chegar sempre na mesma hora e fazer cenários de amor como nunca existiram antes. Da mesma forma lembrou que, por muitas vezes, havia dito que não era influenciável por ninguém e que as pessoas eram muito mais autênticas criando uma personalidade única. E assim veio o luar para desmenti-la. Conforme a sua fase, a lua modifica o mar e altera seus movimentos nas estações, tornando-o muito mais autêntico que qualquer outra raridade natural. Aquela influência era o que o tornava único. A cada estrela no céu era o significado de algo novo pra ela: nunca lhe diriam a verdade completa, mas cabia a ela lapidar seus momentos para brilhar um dia. A razão era simples. Uma vez lhe disseram que a vida era a totalidade de tudo o que ela deveria aprender, mas agora sabia que a vida não tem um mapa a ser seguidos, padrões definidos ou escalas a cada fase. Ela é sempre mais que a quantidade de grãos de areia que lhe passam. É apenas a metade de tudo que lhe dizem por inteiro.

sábado, 7 de novembro de 2009

É seu.

Se pudesse escolher meu destino a partir de agora, hoje eu decidiria que você revolucionaria meu coração.

Primeiro analise, estude-o.

Vá ao movimento das marés: repentinas, lentas e frágeis. Seja cuidadoso ao manipulá-lo. Como um vento de outono, ele é silencioso e até meio frio, carrega consigo várias folhas dos lugares por onde passou... mas vai as soltando à medida com que avança nas estações. Ele não funciona com peças antigas. Se quer arrumá-lo, coloque sempre um combustível novo e lhe transmita virtude para não comprometê-lo. Às vezes ele fica cansado e meio pálido, mas funciona até quando achar que seu retumbar está escasso. Ele vai longe, sofre turbulências, além do permitido. Ainda assim consegue ser frágil e carregar diamantes quebradiços. É um dos meus bens mais preciosos: cuide dele. Não é à toda brisa que encontra um desses, muito menos procurando nas muitas árvores da estação. Ele está lá no topo, meio invisível, mas o alcancei pra você. Ele está desacelerado, quieto, deixando seu marcapasso fazer eco. Respingue seu sorriso e o faça ter vida: ele precisa pulsar e multiplicar o amor.