segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Bem-vinda, loucura nova

É insensatez acreditar que podemos conquistar tudo, visto nosso tempo que se reparte de vez em vez?
É loucura fingir ser poeta, querer uma boa prosa e ter um soneto como meta?
É querer demais ser sonhador, construir um navio imaginário em direção ao seu invisível cais?
É indescritível o meu jeito de estudar a vida pelas entrelinhas e tornar o mau momento esquecível?
Pelo jogo de luzes e cores no céu no momento de mais esperança do tempo: a virada. Esperou-se 365 dias por aquilo. 365 sementes de esperança lançadas no terreno fértil e trêmulo daqueles que esperam o último dia para dizer que tudo valeu a pena e divagar por novas promessas e desejos de sucesso de mais um vindouro e tão prazeroso futuro demarcado por 12 meses. Que se atrelem os sonhos e se liguem as imaginações: construirão um complexo passageiro que trará experiências e recordações.
E não é ser dissimulado aquele que viaja nas ondas do momento construindo um novo ano enquanto os ponteiros do relógio ficam juntos para indicar o seu início.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Assopro

O calor sopra...

E com ele o cheiro bronzeado. Era deslumbrante o seu caminhar rumo ao pôr-do-sol. Seu afago era aconchegante como a mais fina areia daquela praia. Queria que me considerasse o brilho que seus olhos jamais tiveram, mais reluzente que o do sol.


As folhas sopram...

E com elas a brisa que nos acalentava. Tinha o domínio completo das minhas emoções, salpicava-me de conselhos e brincava de contente como o vento que adorava desarrumar o organizado. Queria que ele me compusesse como a melodia que faltava pra sua música.


O frio sopra...

E com ele a sensação do meu coração em estátua. Resolveu olhar ao lado e notar alguém mais gélida que lhe atraia. Levou consigo o calor do amor, ao passo em que desejava ainda que me notasse como materialização da sua poesia.


As flores sopram...

E com elas a certeza de algo novo. O desabrochar das pétalas me causaram a impressão de renascer junto delas e exalar um perfume insistente e agradável. Nada era pra sempre, apenas a verdade do início repetido. Mesmo assim queria que me guardasse no pólen nostálgico do seu coração.


Um dia descobri que é preciso dar um sentido humano ao objetivo da vida. E que quando isso não der certo, acabou de abrir uma nova oportunidade de recomeçar.

A vida sopra...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Me deixo

Me deixo com a leveza de uma brisa que não diz a ninguém aonde vai, mas tem traçado o seu caminho a um lugar incerto; com a minha solidão. Que ela me faça companhia só enquanto eu precisar. E que ela exista só por uma fraçao de piscar. Me deixo com a coragem de me enfrentar, com o tempo que me resta para transformá-lo em vida, com as minhas quatro estações que, juntas, me compoem a esmo. Me deixo sem precisões, sem definições. Que o céu me transcenda até além do local aonde eu pise e sinta que ainda tem chão e que seu encanto me empurre e que eu vá alto, e que eu cresça. Me deixo com a firmeza do vôo: que saia de mim aquilo de você enquanto eu estiver pelas nuvens. Quero brincar com seu sorriso, mas não quero ele em mim. Quero enxergar o que me resta, mas não com os seus olhos. E que você me faça feliz mesmo de longe. Vou aplaudi-lo enquanto estiver sendo a estrela de seu próprio palco. Nessa hora vou estar me deixando por aí e me livrando dessa agonia em não te ter por perto. Melhor assim. Como os grãos de areia que não se dissolvem no mar, mas precisam dele para a sua beleza, quero morar em você mas me refazer no amor. Me deixo sem deixar de você. Me deixo com os pensamentos alheio. Me deixo por sua conta: já sabe como me deixar vulnerável mesmo. Me deixe com saudades, me deixe de verdade. Me deixo com a certeza de que nunca vou te deixar. Me deixo com um paradoxo anormal da minha inconstância.E vou me deixando ao caminhar sem lhe ter ao lado. E te deixo sem me queixar.

E me deixo sem saber amar.