quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

É segredo.

O que lhe fazia ter mais medo do que tê-lo revelado? Os amantes mais experientes sempre lhe ensinaram que o sentimento da paixão era o mais avassalador e arrebatador, a mais deliciosa das sensações. Mas e quando ela era mantida no seu íntimo e não poderia ser revelada?
Ela vinha com a promessa de desafiar a pacífica lógica da razão e desabrochar como um delicado botão de rosa. Mas e quando a tal flor trazia consigo espinhos que despertavam a inquietação do manso coração e provocava-lhe taquicardias que não poderiam ser externadas?
Talvez sejam seus acúleos que afastem a utopia do amadurecimento dessa paixão ao tão distante amor. Talvez seja essa distância quem o convença a se contentar apenas com o brilho da lua que não esconde os devaneios e quem sabe um dia ele aprenda com ela a se deixar levar por essa maresia nauseante do romance. Enquanto isso ele vai se escondendo por detrás da imensidão da sua inquietação, fingindo passar por despercebido por entre as pistas deixadas pela amada. Um instante detalhado e tudo que se julgava efetivado pode ser mudado.
Quem sabe um dia. Ahhh, um dia. Um dia ele conta seu segredo aos quatro ventos para que eles o conduzam até os ouvidos dela. Um dia ele vira confissão.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Meu anjo meu

Caso, por algum desses dias, um anjo diferente esbarrar em você, deixe. Só estará na missão de conhecer o seu amor e trazê-lo até o meu.

Afinal, cada anjo é cupido de alguém. Se ele lançar um dardo mirando em mim, certamente acertará em ti também.

Assim, dançarei no seu infinito. Mesmo que ele tenha fim algum dia, nosso anjo não irá se entristecer. Saberá que amamos e então sorrirá. Saberá que nos emocionamos e então viverá, bem mais do que dá.

Nosso anjo nos acompanhará e mesmo se resolvermos ir na contramão do amor, ele nos pegará pelos versos e nos alinhará no pequeno universo de nós, guiará à sua voz.

Doce será esse momento e quero, repito, suplico que seja doce. Mesmo que vagamente eu saiba o que me seria algo tão agradável, só respondo que preciso dessa vida adocicada, preciso ser amada.

Depois pode deduzir a nossa história. Me deseje um conto de fadas, algo com uma lição de moral romântica, algo maravilhoso e algum anjo para desenhar alguma nuvem de algodão na imensidão do céu e escrever nosso romance, algum anjo que dance conosco.

Algum anjo que nos parta em duas metades: uma que voe alto, outra que mergulhe fundo, que alcance o mundo.

Para o fim, andaremos aos trancos, procurando as provas do nosso anjo comum. Vasculharemos nosso baú de sonhos atrás do cupido que indicou o início da nossa viagem rumo ao olhar mútuo, àquele mar enluarado que engoliu nossos dramas e nos purificou dos devaneios, que abriu caminho às ondas dos seus versos sobre as estrelas do mar-céu.

E assim, enquanto houver sol, nosso anjo nos cobrirá com o manto que te condiz, e lhe direi que para sempre eu fui feliz.