Brilhem, águas!
Reflitam minhas palavras
que caem
Na cachoeira, no mar, nos rios que saem...
A sensação de os versos secarem
as rimas afundarem
gritos, mágoas
Sortudo o marinheiro! Lança tudo às águas
E quem disse que eu não o sou?
Sou do seco, do molhado e até voo
Minha sensibilidade não se ata a pavio
Nem o que penso é assim, tão vil
Meu canto é onda serena
Trêmula, sob voz amena
Deixe que ache por si a sua certeza
E siga o embalo da correnteza
Deixe que corra, que se faça arte
que se cristalize, que encontre sua parte
deixe que seja livre o curso da minha água
Parte de areia, concha, estrela, luar
Parte de sereia, encanto, música,
ah-mar!