quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sem motivos.

Vou acordar. E hoje não quero ter motivos para apreciar o nascer do sol, nem para imaginar o que me reserva a rotina.
Não quero ter motivos para aprender algo novo, ouvir uma bela canção ou conhecer alguém que poderá ser especial um dia.
Não quero ter motivos para abraçar alguém, amar alguém, cativar alguém.
Não quero ter motivos para descobrir algo novo, inventar algo do meu jeito, transformar alguma coisa.
Não quero ter motivos para ler um bom livro, cantar desafinadamente e dar risada de coisas fúteis.
Não quero ter motivos para fazer meu dia durar uma vida e nem para entender que nessas 24 horas eu posso fazer algo renascer ou matar alguém por dentro.
Não quero ter motivos para ver que a chuva foi feita para dançar e para molhar a terra num sinal de renovo.
Não quero ter motivos para arrancar de mim tudo que me faz mal, expulsar meus problemas e fazer uma faxina interior.
Não quero ter motivos para correr, andar descalço e sorrir para as nuvens.
Não quero ter motivos para gritar com intensidade as palavras que me vierem à cabeça e nem para me importar com quem está ouvindo.
Não quero ter motivos para me importar com quem ouve o que eu digo e nem para guardar os conselhos por menores que sejam.
Não quero ter motivos para experimentar planos totalmente invertidos dos meus.
Não quero ter motivos para deitar-me e pensar que apesar dos contratempos eu vivi. E talvez seja o único motivo que desejo carregar comigo constantemente: eu simplesmente vivo. Na intensidade que eu quiser e contra todos os motivos que me impedem disso.

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